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SÁBIOS E DOUTORES 5c5s30

Médico sempre foi ‘doutor’. Advogado também sempre foi ‘doutor’. Com o ar dos tempos outras profissões igualmente aram a usar ‘doutor’ como tratamento, de modo que hoje praticamente toda pessoa com formação universitária prefere, modestamente, ser chamada de ‘doutor’. Mas não para por aí.
Desde há muito o tratamento ‘doutor’ também é usado para referir pessoas de posses ou, dito de outro modo, gente que tem bufunfa, cascalho, carvão, arame, enfim, o povo do dinheiro.
O único senão disso tudo é que nenhum deles é doutor de verdade: nem o médico, nem o advogado, nem o rico, ainda que muitos deles exijam assim serem chamados.
Na verdade, ‘doutor’, segundo um conhecido pai dos burros, é “aquele que, numa universidade, foi promovido ao mais alto grau depois de haver defendido tese em alguma disciplina literária, artística ou científica.”
Depois de absorver esse conhecimento inútil, o leitor mais questionador pode estar se perguntando se deve ou não continuar chamando todo esse pessoal de doutor. Na dúvida, para não perder o amigo, ou o doutor, continue chamando.
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Como estamos mesmo falando de sapiência, aproveitemos a oportunidade para comentar a assustadora quantidade de entendidos, das mais variadas áreas do conhecimento humano, que todos os dias brotam das telas dos computadores e celulares.
Embora seja um mistério como esses sábios adquirem tanto conhecimento, não se a minuto sequer sem que exibam soluções para os problemas do mundo. Em segundos explicam o porque dos problemas econômicos de uma cidade, de um estado e até mesmo de um país: “Falta de vontade política”. Porque ninguém pensou nisso antes? Na postagem seguinte, com raciocínio aparentemente desconexo (só aparentemente), dão orientações para acabar com o analfabetismo: ‘Ponha coisa boa pra aprender. O mundo tá de ponta cabeça’. Num terceiro momento, sem demonstrar qualquer cansaço intelectual, dissecam decisões judiciais e demonstram, em um único parágrafo, que determinado acórdão está em dissonância com a lei, humilhando sem dó o desembargador ou ministro que o proferiu: “Esse cara é um burro, não a nem na OAB”. É ou não é um argumento irrefutável?
Alemão Tedesco (56) é advogado e pai do Luigi.
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Transmitimos ao vivo um “programa” de entrevista e comentários sobre… tudo, inclusive a nossa região, de segunda a sexta-feira, das 11:50 às 12:20. Assista a gente e, querendo, fique a vontade para criticar.
PS 1 – A edulcorada leitora reparou que tem gente que saliva de prazer quando é chamada de ‘doutor’?
PS 2 – Se algum dos nem tão inteligentes 13 ledores da coluna for confrontado por essa trupe de gênios da internet, um conselho: não aceite o debate, ele estará perdido antes mesmo de começar.
PS 3 – Político até não se importa de não ser chamado de ‘doutor’. Desde que o tratem por ‘excelência’.
José Carlos Botelho Tedesco (Alemão Tedesco) é advogado e mora no Oeste Paulista /
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