Se olhar no microscópio então … 2d1i6a

A diferença entre as pessoas é, sempre, apenas de grau. Dizendo de outro jeito, somos todos um pouco “loucos”, uns mais, outros menos, mas não dá pra excluir ninguém, como, aliás, profetiza o ditado popular: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco”.

Ainda tratando de comportamentos nem sempre bem aceitos pela maioria das pessoas, creio que os leitores concordam que tanto aquele sujeito circunspecto como a delicada e sorridente estudante do curso de direito, quando sozinhos em suas casas, longe do olhar alheio, encaram o espelho, fazem careta, puxam a boca com os dedos e emitem ruídos esquisitos (brrruuuu, lepolepolepolepo, curiiintia … curiiintia …), atitudes que, percebidas por desconhecidos, bem poderiam resultar em pedido de internação num manicômio. Enfim, de perto, ninguém é normal.

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Do mesmo modo, variando apenas o grau, todos temos o egoísmo entranhado nas veias, e aqui este escrevinhador fala por experiência própria. Portanto, a diferença entre eu, o charreteiro, o bispo e o médico plantonista é que uns conseguem manter esse sentimento controlado, dentro de certos limites, ao o que outros, por senti-lo muito forte, demonstram todo o tempo que pensam exclusivamente em si. Há também os que conseguem disfarçar seu egoísmo, a ponto de serem proclamados “piedosos”, o que, absolutamente, não quer dizer que o egoísmo não esteja lá.

“Mutatis mutandis”, a crença em um ser superior, que a maioria de nós chama de Deus, também é campo fértil para demonstrar como tudo está em nós, inclusive a fé e a falta dela.

Vários são os relatos de fiéis, e mesmo de altas autoridades religiosas, afirmando que em determinados momentos de suas vidas deixaram de crer e duvidaram da existência Dele, assim como são comuns as histórias de descrentes que O invocam.

Agora, se for mesmo verdade que tudo está em nós, então como explicar qual lado prevalece? O são ou o louco, o egoísta ou o generoso? Uma explicação banal e piegas, mas que parece verdadeira, é que costuma vencer aquele lado que mais alimentamos. Ninguém duvida, porém, que um remediozinho e um psiquiatra de vez em quando podem dar uma boa ajuda.

Alemão Tedesco (55) é advogado e pai do Luigi.
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